Páginas

Seguidores

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O cachorro Estado e a cadelinha Surpresa (causo)



Quem pensar que não existe egoísmo entre alguns animais, está redondamente enganado.
    O ruim disso tudo é que quase ninguém tem tempo, ou se importa para observar os animais.

    Na casa dos meus sogros tinha um casal de cachorro vira lata, que cuidava do quintal:a cadelinha chamada Surpresa e o cachorro chamado Estado.
Eu de férias, sem nada para fazer, ficava sentada sobre o degrau da porta da cozinha, observando as criações. Observava o galo imponente no seu cantar se mostrando dono do território á  galinhada  e nas  galinhas, o modo como andava( particularmente acho, que toda pessoa para caminhar elegantemente deveria se espelhar no andar de uma galinha.) Nesse caso, a dita cuja não é egoísta com os seus  pintinhos. Ciscava até achar um minhoca, formiga, grãos de areia,ou mesmo nada, para mostrar ou ensinar aos seus filhotes, como se alimentar. Achei o máximo, em compensação, era diferente do cachorro Estado e sua companheira Surpresa.

A Surpresa estava de barriga do Estado, já bem adiantada. Deitada, cochilando num carrinho de mão. velho e enferrujado,cheio de tralhas em desuso....Acordou e ficou olhando o seu “marido” dar uma volta no quintal, como se procurasse algo. Ele foi embaixo da bananeira, pegou uma banana da terra, trouxe atravessada na boca e fez um caminho mais longe para não passar diante da Surpresa. Foi comer escondido debaixo da laranjeira. Eu fiquei observando e pensando..Como pode ter um extinto desse? Achei que esse defeito era exclusividade do homem.

Depois de muito tempo, quando voltei lá na “roça” como era chamado o sítio, fiquei sabendo que o Estado havia morrido, foi quase um suicídio, por zelo ou por ciúmes, ou por egoísmo?. Correu atrás de outro cachorro  chamado “Tarzã” que estava na paquera da Surpresa, não viu um poço desativado e caiu dentro dele, foi o triste fim do Estado.
                                                                Dora Duarte

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Meu computador quase humano

Sr Alzheimer, assim o chamo, esse notado participante da casa, freqüentador assíduo das noites boêmias e solitários de muitos internautas. Está pensando é? É esse mesmo que você pensou, um quase humano. Com vocês sua majestade o COMPUTADOR!
Todos entenderão, por que o comparo assim ,diga-se de passagem, muito temperamental e genioso.

Têm dias que não estar a fim de navegar, uma preguiça! Ainda quando eu conto aos meus amigos sobre eles, daí começa um burling com ele, apelidado de: “movido à lenha”, “era dos flinstone”.,Eu sei que ele é ultrapassado, nunca atravessou uma janela, nem desceu de um lixão, mas pobrezinho é quase humano.

Quando chove e relampeja, ele fica com medo, se apavora e “desmaia” Para acordar novamente, ufa é um sacrifício. As vezes faz cada caca! Mistura um monte de páginas e segura, tento tomar e fechar, ele impede, tenho vontade de esmurrá-lo, mas em idoso e criança não se bate, aliás, em ninguém,  isto chama-se subir nas tamancas, tento manter a calma. Quando chega visita aqui então,  é que ele se mostra, fico com vergonha, a visita quando vai usar, ainda brinca” “isto funciona?”


Quando estou com pressa para ele me ajudar a fazer um trabalho nele, hum, faz uma pirraça, xingo ele de “bandalerda” Pois lhe dou a melhor banda larga como vitamina, muita energia para dar força para ele correr, mas, nem assim sai do canto., eu compreendo é a memória pouca, As vezes dormeeeeee, um sacrifício para despertá-lo Deixo-o á vontade, vou cuidar dos meus afazeres enquanto ele resolve ajudar-me.... Então quando pega vírus, aí é que fica manhoso, precisa levá-lo no “hospital informática” para tomar umas injeções, daí volta animado se achando.Passa-se uns meses, ele novamente lerdo

Já pensei tanto em substituí-lo, mas tanto não vale, porque um parecido é tanto e muito mais, e nem tampouco tenho para esse tanto, quem sabe um dia alguém doa.um, Ah mais para aonde iria sr Alzheimer? Os cemitérios de computadores estão super lotados até bem mais novos que ele.Digo que ele está devendo prestaçTadinho qual será o seu destino? È mas se não fosse ele agora, nem estava falando mal dele, nem tinha escrito tantos textos.

        Dora Duarte

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Tumulto no Centro da cidade(causo)



                                   Andy foi ao centro da cidade para comprar material para os seus trabalhos deartesã.
De repente depara com aquela gritaria: ___ Socorro!!!!! Era uma mulher agarrada na sua bolsa e um velhinho também. Ela puxava para um lado e o senhorzinho para o outro. Naquela cena ninguém entendia nada., ela gritava “ladrão” e ele gritava “ela me roubou”, os transeuntes ficaram de boca aberta sem entender quem estava falando a verdade .


Nessas alturas já tinha enchido a praça central. O velhinho não soltava a bolsa da mulher, afirmando que a carteira dele estava dentro da bolsa dela. Ela, porém gritava que era casada( nada a ver, fora do contexto). Daí nesse vai e vem, puxa pra cá puxa pra lá, a dentadura do velhinho pulou longe, caiu no chão, parecia mesmo uma perereca viva..
 O mais engraçado é que ele tentava explicar, ficava mais difícil de entender o que ele dizia..

Andy ria tanto de doer a barriga, ainda apertada para ir ao banheiro, mas queria saber o resultado. Lógico, a mulherada tomou partido a favor da mulher, achavam que ela estava falando a verdade, até porque ele estava desmazelado, com uma bermuda curtinha, chinelo de dedos, maltrapilho mesmo e ainda banguelo, ela bem vestida de vestido preto bem curtinho.

Foi chegado ao um  ponto crucial , de ele insistir tanto, o pessoal fez a mulher abrir a bolsa.


 E lá estava mesmo a carteira do homem. Ele pegou a carteira e depois foi juntar a dentadura....Para espanto de todos inclusive da Andy que estava em crise de risos, ele  juntou e colocou na boca, sem se importar a dentadura estava suja, daí foi que a Andy não agüentou mesmo ria sem parar, passou perto dele e ele chorando reclamando:


__A gente não pode dar arrego, que  elas fazem isto!


A Andy correu ao banheiro, quase foi tarde.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Maria de José ( Uma história de amor )

    



Maria foi criada com muita dificuldade, muito comum naquela hoje em dia e antigamente mais ainda   interior numa Aldeia distante de tudo....
 Logo cedinho,  quando  acordava  cuidava da criação de cabras, tirava do pequeno curral e levava para o pasto, voltava para  tratar das galinhas e por último cuidar com carinho dos seus irmãos mais novos, já que quase  todo ano nascia um na casa, sempre tinha um bebê de um ano e uns meses, carente de colo precisando dos seus cuidados.

Pouco tempo sobrava para os estudos e as brincadeira, mas quando sobrava...O que Maria mais gostava, era desenhar vestidos no chão do quintal, criava modelos próprios, era uma imaginação fora do comum para uma menina de onze anos, sem conhecer o mundo lá fora, sem acesso a nada sobre moda. Depois costurava para as suas bonecas de pano e de sabugo de milho. Sua mãe tinha máquina de costura manual, mas tinha um ciúme, nem deixava a filha chegar perto . Tudo o que ela queria era aprender a costurar na máquina, porque não mão ela aprendera sozinha, mas a sua mãe não ensinava, já que ela era a mais velha dos irmãos, suas tarefas caseiras teriam que ser cumpridas. Cuidar das criações da casa e dos irmãos pequeninos.

 Escola ela só freqüentava para aprender o básico, as letras do alfabeto e escrever seu nome. Seu caderno de deveres de casa  era o chão, o lápis, os dedos das mãos, ou um graveto.

Crescera assim, rústica, mas com o talento para costura...

Certa vez, um cavaleiro surgiu como de uma nada, veio galopando em direção à frente do casarão aonde Maria morava, chutou sem querer todas sua lições da escola e seus desenho de vestido,suas “obras-primas” ela o encarou calada, mas com tanta raiva!

─ O que vosmecê  quer aqui?
─Falar com o seu pai, ele está?
─Ele ainda não chegou da roça, mas está para chegar!
─Eu vou esperar aqui sentado no alpendre, continue a fazer o que estava fazendo.

 Ele a olhou com uma admiração, um olhar diferente.Ela correspondeu, mas não com o mesmo olhar, ainda raivosa pelo o que ele fez.

─ Meu nome é José ,tenho visto vosmecê aos domingos sempre nas missas e nas novenas, Como vosmecê se chama?
─Maria, mas não me lembro de ter visto  vosmecê!
─Claro, vos nem olha para os lados!
─Lá vem o meu pai, deixe de prosa!

Seu pai conversou com ele como já se conhecesse há muito tempo. Chamou  José para dentro de casa e Maria entrou para cozinha, ajudar a sua mãe na janta.
Sua mãe perguntou quem estava na sala, ela  descreveu o rapaz e disse só o nome.
Sua mãe deu uma olhada na sala, foi cumprimentá-lo, voltou e comentou:
─Ah eu sei quem é, é José, um rapaz muito bonito, cobiçado muito pelas moças daqui. muito garboso e educado.
─Mãe, o que será que ele veio fazer aqui?
─Não sei Maria!

Ela ficou impressionada com o que sua mãe contou, também curiosa, para ver aquele rapaz novamente, nem que fosse de longe.

Era dia de novena de Santo Antonio na  capela do lugarejo, Toda a família de Maria foi.
Ela olhava em volta para ver se via o tal José e nada. Quando terminou, na saída não pode deixar de vez o Josè, como também os olhares,risinhos derretidos das moçoilas da Aldeia.

Sentiu uma pitadinha  nem ela sabia o quê , nem podia adivinhar, ela já com os seu quatorze anos, nem corpo de moça tinha direito, nem muito menos instrução. Ele já um homem feito, bonitão e muito cobiçado. Ela simplesmente tentou tirar aqueles pensamentos bobos da sua cabeça, conseguiu por uns dias, até vê-lo novamente se aproximar da sua casa, no seu belo cavalo..
Era de tardezinha... Tomou um susto quando o viu. Desta vez o seu pai estava em casa já que era um domingo e ninguém naquela casa desrespeitava o dia do Senhor, era sagrado, nem mesmo Maria costurava seus vestidos de boneca, nem fazia suas lições da escola no seu caderno de areia.

─ Maria, venha até aqui na sala!
Quase teve um desmaio, quando viu seu pai chama-la, suou frio e entrou
:─  Conhece este rapaz José?
_ Conheço sim meu pai, mas daquele dia que ele veio lhe procurar!
_ vos sabe o que ele veio fazer aqui?

─Não senhor!
─Veio pedir sua mão em casamento!
─Meu pai, eu não sei o que dizer, o senhor é quem sabe, o que o senhor quiser está bom para mim.
─ Já dei o meu consentimento, ele é um rapaz bom, de boa família,.É mas ,vosmecês têm que noivar um pouco para se conhecer, sentados aqui na sala, ouviu bem?

Ela aceitou não só por obediência ao pai, o que era comum naquela época, o que não era o seu caso. Na verdade já estava gostando dele, mas não entendia a voz que falava alto no seu coração, nunca ninguém o ensinara que sentimento era aquele, sabia que era um gostar diferente, daquele gostar dos pais, dos irmãos, mesmo assim sentia algo que cada vez se tornava mais forte.

Durante o tempo de noivado, Maria e José nem conversara muito, Maria deu  seu sim ao noivo, o olhava com muita  timidez, em poucos meses já estavam” prontos “para o casamento. Foi uma festa simples com a mesma simplicidade de Maria, Ela estava linda naquele vestido feito por sua mãe naquela máquina de mão, imaginou o quanto foi difícil para sua mãe fazê-lo.

Lá se foi Maria com Josè na garupa do cavalo, carregando na mala, seus pertences, suas bonecas com a pequena coleção de roupinhas feitas por Maria, do aprendizado escolar, levou consigo o escrever seu nome sem ajuda de ninguém, lento, meio soletrado, mas escrevia, como também aprendera  escrever algumas palavras..
A casinha de José e Maria, era uma casinha bem simples, mas bem cuidada,um brinco, os lençóis de saco bem alvejado, os panos de pratos, mais parecia umas tapiocas de tão brancos..José cortava bem caprichado a lenha e Maria arrumava embaixo do fogão. Suas panelas de barro com tampas de latas, mas brilhantes como se  fossem de alumínio.

José era muito amoroso, logo a Maria se apegaram muito,  ele era  um esposo muito bom. Só que quando ele saia para trabalhar, Maria sentia tristeza, enquanto cuidava dos afazeres da casa. tudo bem,ela cantava arrumando a casa, fazia com muito prazer distraía Maria, mas depois, batia uma solidão, lembrou das bonecas que guardara escondidas, resolveu então nas horas vagas brincar, assim o tempo passava enquanto José não  voltava da roça..

Porém, um certo dia José chegou mais cedo, ela nem deu tempo de guardar as bonecas, ele  flagrou....No seu jeito calmo,a chamou  para uma conversa séria, ela estremeceu com a seriedade dele:

─Por que, eu fiz alguma coisa de errado?
─Não Maria, acredito que não fez por mal, mas estar na hora de vosmecê entender, que não é mais criança para brincar de bonecas, agora vosmecê é uma mulher casada, dona de casa e tem um marido!

─José, eu não sabia que eu não podia brincar mais de boneca, mas é que eu me sinto só, depois que faço tudo em casa  brinco enquanto vosmecê não vem.

─Ta bom Maria, de agora em diante já sabe, vosmecê já é uma mulher, apesar de jovem, daqui alguns meses terá uma boneca ou boneco de verdade para cuidar.

─Como assim?

 Alguns meses depois a “profecia” de José se cumpriu. Nasceu  a primeira boneca de verdade de Maria para felicidade dos dois..

Assim foram felizes até a morte!

                       FIM

* Nota: Nem só de dor, desencontro,vilão, rivalidade se constrói uma história de amor , nem precisa ser água com açúcar.A vida já é coadjutora de várias histórias amorosas e o destino conspira á favor.

 imgem emprestada:google

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A besta Jeitosa e a égua Borboleta (Causo)



Há muito tempo, pelo final da década de 70, os meus sogros eram vivos ainda                                                                                                                                           
Viviam no oeste de Minas Gerais...Indo de Belo Horizonte, era a estrada que dava rumo á Serra do Cipó, passando por várias cidadezinhas até chegar lá, mas precisamente na cidade de Dom Joaquim, pensaram que cheguei? Nada, mais seis léguas de estrada deserta, ou seja, dezoito quilômetros, coisa de mais de sete horas de viagem de BH  até chegar no Vale do Silêncio(detalhe:fui eu que o batizei assim)

“Ô lugazin longe sor !”Um vale lindo, até difícil descrever tanta beleza natural!Um ribeirão cortava o vale no meio, de um lado as montanhas, do outro, pasto verdes, árvores, palmeiras de todos os tipos, borboletas de montão de várias  cores, sítios, fazendas, separadas apenas por porteiras, muito gado, cavalos, muitas frutas, enfim, se existe um paraísos terrestres, ali era um deles.
Então, era neste imenso “paraíso” que os meus sogros moravam e aonde eu costumava ir junto passar as férias escolares do meu pequeno filho Ricardo, já que o pai nunca podia, eu fazia as vezes dele.

Era uma casa singela não muito grande, cheio de flores e plantas em volta, galinhas no quintal, gados, cavalos, porcos nos chiqueiros,um cachorro chamado “Estado” e uma cadela chamada "Surpresa". O bastante para  nos acolher com muito amor e carinho. A minha sogra Ana, era uma criatura bondosa, quase uma mãe, não sabia o que fazer com a gente de tanta dedicação, tratava de chamar a irmã para fazer “quitandas” de fartura para nós.num forno à lenha. Era broa de milho, bolachas de nata, biscoito de polvilho, pão de queijo e por aí vai...

Havia um engenho de cachaça , rapadura e melado, onde nós  esbaldavam com a garapa da cana-de-açúcar. O meu sogro Altino, vendia tudo feito no engenho, também matava porco para vender na cidade., moia fubá para os gastos de casa e também para vender.

 A minha sogra era a fazendeira dos queijos de vários tipos. Tinha um que eu adorava, nem se acha para vender em lugar nenhum, era o requeijão com a nata tostada, muito saboroso, fazia questão de fazer bem na hora que eu ia tomar café, para que eu pudesse saborear derretendo. Na verdade, ela fazia todos os meus gosto, como também do meu filho, até quando o menino ia ao ribeirão pescar, trazia uns pequenos lambaris, ela limpava e fritava para ele, se ele cismasse de comer um pintinho na faze de virar frango, cujas penas não tinham crescido direito, lá ia ela mandar matar e preparar , fazer os gostos do neto.

Falando em fazer gosto, foi aí que me fizeram asminhas vontades... Dar um passeio quase que diário, numa  besta  chamada Jeitosa e na égua Borboleta...Parece coisa de maluca, mas eu gostava de conversar com elas, ou seja, um monólogo é claro, Portanto por incrível que pareça, elas  entendiam o que eu pedia com jeitinho.

A Jeitosa, que o menino Helinho, o pequeno peão de oito anos dizia: ( tinha que trocar o nome por peidosa), porque mal subia nela, disparava a soltar peidos, mais parecia uma metralhadora. Coitada, também pastando  o dia todo, barriga cheia, peso em cima, só podia mesmo acontecer isto!

Quanto a Borboleta, essa era uma égua branca , bonitona, charmosa super talentosa, Aliás, todas duas, sabiam exatamente os caminhos aonde levar seu dono, como também as visitas para um passeio vez em quando,
Na verdade, apesar da beleza da Borboleta, eu preferia mesmo era a feiosa besta Jeitosa .
 Ela era mais dócil, gentil. Gostava de conversar com ela.

Um belo dia ensolarado resolvi dar um passeio no vale, pedi ao pequeno peão para encilhar a Jeitosa. Quando eu vi ele capturar no pasto, colocar cela, ela começou com rebeldia, não concordando, ele começou a chicoteá-la. Chamei atenção, dizendo para ele não fazer aquilo,
Disse ele: _ Ah ela só obedece assim, quer ver como ela aceita na marra eu subir? E subiu surrando com o cipó. Disse:

_Desça, deixe eu conversar com ela: _ Jeitosa calma ai querida, não fique assim tão brava, não vou deixar ele bater mais em você. Olha só,(eu alisando ela) eu só quero dar uma voltinha, até lá na estrada, depois voltamos prometo!

Na mesma hora, ela aceitou a cela, todos outros apetrechos próprios.
E subi nela numa boa, fomos passear pelo vale até a estrada, sem reclamação. O único som que saía dela, eram os peidos, esse não tinha como evitar.
 Quanto a Borboleta? Toda vaidosa, foi me levar no último dia de férias ao passeio, o meu filho gostava mesmo era de ficar pescando e tomando banho no ribeirão com o Helinho e eu  despedir do verde Vale do Silêncio. Só que eu não sabia lidar com égua “namoradeira “.
 Na volta, mal atravessei o riacho, ela avistou um cavalo começou a se mostrar a ele relinchando sem parar, e ele respondendo, vindo na nossa direção, ai que apuro passei!
 Foi quando tive a idéia de monologar com ela:

  _Borboleta, agora não, não é hora de paquerar, deixe pra outra vez, comporte-se viu?
Já está quase chegando, depois peço pra te soltar, daí faça o que tiver vontade.
Vamos Borboleta, corra, corra!!!!
Parece piada, ou brincadeira, ou mesmo intuição, só sei dizer que ela galopou comigo, tive medo de me esborrachar no caminho. Ufa foi por pouco!

 Anos se passaram, os meus queridos sogros morreram, sobrou só lembranças de um tempo que foi tão bom, lembranças das minhas “amiguinhas” Jeitosa e Borboleta..

O mistério da pedra de dominó

Na década de 80, estávamos reunidos na casa de uma irmã .Como de costume, a tarde jogávamos dominó, não era um dominó comum,  suas pedras eram feitas de marfim, muito antigas. Deveria ter sido valiosas para alguém, contudo desfeito por algum parente.para doação.Esse jogo de dominó , foi  adquirido num bazar beneficente  espírita, pelo o meu cunhado João.

  Então... Começamos a jogar : dois sobrinhos. Verinha,  Nilson, o meu cunhado e eu.

 Eram  uma família grande, Quatro dos outros sobrinhos não estavam, havia ido um para cada lugar, rapaziada é assim mesmo, fim-de-semana, namoro, festa diversão. A minha irmã, no sofá tirando uma boa soneca e nós a todo vapor jogando alegremente , principalmente para quem estava ganhando, a parceria , meu cunhado e eu, mesmo não sendo uma boa jogadora, estava vibrando.

        Eis que de repente...Cadê  a pedra?
 Ta faltando uma pedra!

Procuramos no chão, nas cadeiras,por baixo dos móveis, pensamos até que uns dos jogadores estava escondendo, nada de pedra!
 Portanto, sem uma pedra, termina o jogo,  para o desapontamento de todos, porém era intrigante aquele desaparecimento, já que só havia cinco pessoas na sala, nenhuma criança, nenhum animal de estimação.
   O que fazer? Ver Tv, mas o comentário a respeito do sumiço da pedra continuava.

    De repente chega outro sobrinho Jonas que estava na casa da namorada e pergunta:

 _ Que houve que não estão jogando dominó?
    Vocês não imaginam o que aconteceu na casa da minha namorada.O pessoal estava jogando dominó também, mas pararam por causa de uma pedra estranha que apareceu no meio das outras, uma pedra branca no meio das pretas, imagine o susto, ver se pode!!!... pensaram logo em algo  sobrenatural.

  E aí ninguém diz nada? Ui cruz credo!


 Autora: Dora Duarte

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A GLOBELEZA NO LARGO DA ALFÂNDEGA (CAUSO)

             

 



Era um dia de sábado á tarde, vinha eu de uma reunião, sem muita pressa, resolvi tomar um sorvete e sentei-me na praça Lá  estava uma equipe de gravação para gravar um clip musical com um grupo regional de pagode. O cenário seria o Largo, onde existem muitos pombos e eles iriam fazer parte do clip, eram alimentados e assustados na hora do “gravando” para voarem em revoadas, dando uma beleza especial ao cenário.


Logo que começou o batuque dos instrumentos, num samba ritmado, com o famoso grito do diretor de gravação(gravando!”apareceu uma mendiga bêbada c toda vestida de um branco encardido meio em farrapos, a sandália de salto fino e alto da mesma  cor,  começou a sambar, rebolar  sem parar. O diretor vendo aquela palhaçada gritou”cortaaaaaaaaa”


 A assistente de produção, foi lá conversar com ela, ofereceu uns trocados, a dita cuja se retirava, mas quando novamente começava as gravações, assistente retocava a maquilagem do grupo, pois estava muito calor,  dava comida aos pombos e os baita palma para assusta-los. Tudo pronto, um novo”gravando”  ela  ouvia o som dos instrumentos, voltava rápido e começava a sambar na frente das câmeras. Outro grito “cortaaaaaaaaaa” isso aconteceu por várias vezes, todos já estava irritado com aquilo.


Finalmente a última vez, não sei que acordo foi feito com ela, que desapareceu.
 Tudo pronto novamente, maquilagem refeita, nada de “globeleza”, mas um detalhe...
Os pombos todo trepados no telhado, não queriam descer já que não havia nada para eles beliscarem..Quando se ouve  um grito da assistente:

 ___Acabou o milho e agora aonde comprar se todo o comércio aqui está fechado?


Nunca pensei de me divertir tanto com tal  cena, não por ter dado errado, mas pelo os improvisos.

                            Dora Duarte

O AVARENTO


Meu Deus até onde vai a avareza humana!?

Vou narrar exatamente como era  João Nicolau...

Lá para as bandas do nordeste brasileiro, num lugarejo meio que escondido no mapa, morava João Nicolau, junto com a mulher e uma filha doida. Até para época, João Nicolau tinha poucos filhos,até nisso ele era mesquinho  só três filhas: a Dinar e  duas já  casadas, moravam na redondeza. Sabendo como era o pai, ficavam meio que de longe, sem muitas visitas.

Esse homem era de uma mesquinhez sem tamanho:”mão de vaca” “pão duro””muquirana”...Aqui cabem todos os adjetivos para quem é avarento, mas vou deixar de lado. Dono de muitas terras, um belo rebanho de gado, o casarão era uma tapera, pois, nem isso ele conservava. Para cuidar da saúde do gado, ele mesmo fazia, as injeções quando era preciso( perdeu muito por isso).
 Ninguém via a sombra do dinheiro que ele ganhava comercializando gado de corte. Ás vezes inteiro, ás vezes matava e vendia as mantas de carne, pouco tirava para o consumo de casa e quando isso acontecia, o melhor parte da carne, era para ele, a mulher e filha comia as sobras..
 A filha doida era presa numa masmorra, um quarto fétido, podre sem ventilação, a porta era escondida, para acesso dos responsáveis, somente uma pequena janela para alimentação. Naquela época, era comum as famílias fazerem isto, por precariedade de internação para os loucos de casa, quando ofereciam perigo de violência e fuga. Não era o caso da Dinar. Era calma, risonha, vez em quando, mais na força da lua cheia, soltava uns berros....Uma vez ou outra, era solta. O que fazia demais não era diferente do que fazia na masmorra( comer bosta) ia na “casinha” e enchia a mão, talvez já estivesse viciada nisso..

João Nicolau,  ainda tinha  pai , seu Popó, que morava sozinho há uns quinhentos metros da sua casa, numa tapera em péssimas condições de tudo, só uma rede velha para o ancião dormir,. O casebre não tinha nada, e ao mesmo tempo tinha tudo: cheio de telhas quebradas, as paredes se desmanchando,lagartixas , sapos, bichos rasteiros ...Ajudar ao pai? Nem pensar, as bisnetas eram que levavam a refeição do bisa, por sinal, uma comida simples já que a  filha do João Nicolau, era mãe de doze filhos.e muito pobre, portanto com o marido, ela e o avó Popó, eram quinze bocas para alimentar. Vez ou outra, a irmã que morava mais longe ajudava.
Os netos mais velhos éramos  que ajudavam o avô tocar o gado, era favor obrigatório, nada ganhava para isso, empregado? Não existia. Quando o neto, para experimentar a mesquinhez do avó, pedia um bezerro como pagamento dos serviços, ele negava, aliás, oferecia  sim, um que já estava mais morto do que vivo, magro e doente, porque tinha certeza que já ia perder.

Passou-se o tempo, foi morrendo, primeiro o seu Popó, coitado morreu a míngua, dizem que na hora da morte, colocaram uma vela na mão dele, como era de costume, quando dava tempo de fazer este ato, ele confundiu a vela com macaxeira(aipim), reuniu suas ultimas forças para dizer a última frase antes do último suspiro” Isto é macaxeira é?” Fecha-se a cortina do inferno em que vivia seu Popó, para abrir as cortinas do paraíso celeste, o céu, acho que no céu, ninguém passa fome.
Depois  morreu  d Cecília,  esposa do João Nicolau, sabe lá do quê. Depois de alguns anos,a morte da Dinar, a filha doida. Na hora de enterrar, falou-se em comprar um caixão, ele não permitiu, disse que ela iria na rede e era para trazer a rede de volta.

Depois do acontecido, só desgraças assolou a vida desse homem, Com a seca brava que já existia,o gado começou a morrer um por um, o roçado minguado, nada produzia de bom, o pasto pior ainda, até mesmo o cacto, “palma” para alimentar o gado, estava desaparecendo.
Mas... E o dinheiro guardado? Que nem no Banco da capital, ele confiava em deixar?
 Aonde estava? Ninguém sabia e nem ousava a perguntar. O João Nicolau andava desolado, cabisbaixo, magro, quem sabe até sem saúde, já que ele não se cuidava e nem  se abria com ninguém.

Um dia de finado, mas que atípico, juro que eu  vi,  testemunhei, eu e mais uma multidão dentro do cemitério, o João Nicolau lá fora comprou uma vela só. Entrou, algumas pessoas o  seguiu sutilmente ,disfarçadamente, como não queriam nada. Vira o João Nicolau acender a vela e chorar no túmulo da filha Dinar. Não se  sabe se ele chorava por arrependimento do que foi para filha, ou se era porque a vela estava derretendo. Falou-se até que no dia seguinte, ele iria lá pegar a vela derretida para refazer, para no ano seguinte não precisar de comprar uma.

Até o fim do João Nicolau,ele não mudou, não houve emenda...Ele voltava de viagem, duma cidadezinha vizinha, no final do dia . já escuro, o cavalo o qual ele montava assustou com alguma coisa, relinchou ficou inquieto, levantou as patas dianteiras e derrubou o João Nicolau numa ribanceira. Ele quebrou a clavícula, machucou-se todo. Atrás vinha um jipe taxi, o motorista foi prestar socorro, ofereceu-se para levá-lo a um hospital na capital, ele de cara rejeitou dizendo: “Eu não paguei para cair, não vou pagar para me levar no hospital”. Doente, todo quebrado, infeccionado, não pagou para levar ao hospital...Morreu João Nicolau.
 A casarão tapera com o tempo foi demolido, os netos acharam a (botija) no meio do reboco, toda cheia de moedas e cédulas sem valor algum..

Dora Duarte

.


O QUADRO

Que mistério havia naquele quadro? Um pintura à óleo muito bem feita, onde retratava uma cena: talvez na calçada de Veneza ,um bar com mesas e cadeiras do lado de fora em frente ao um...Parecia um cais, ou um lago.... Duas senhoritas bem vestidas  com chapéus rendados e de fitas amarradas no queixo,estilo antigo , tomando um chá da tarde ,muito expressivo o quadro!
 Tão pefeito a pintura, mais parecia ter vida àqueles olhos das senhoritas, como também a paisagem, o água, o vento, parecia se mexer .

Estava lá na sala da D Aurora.ela conseguira comprar num bazar benificente de uma legião espírita. Por ter achado o quadro muito bonito, diferente dos demais da sua sala, colocou-o num lugar de destaque bem em frente a porta de saída e ao lado do corredor que dava acesso ao banheiro e à cozinha.
Certo dia, pela manhã, sua mãe Ana, de outra cidade veio lhe visitar.Foi com alegria que D Aurora a recebeu:
 _ Mãe seja bem vinda, que saudade! Vamos tomar um café da manhã e conversamros, temos muito  que falar!.
Sua mãe concordou: conversa vai e conversa vem, tocaram em assuntos passado, segredos ainda não confessáveis de amigos, parentes da família já falecidos.
Nisso D Aurora lembrou-se de uma antiga vizinha e comadre da sua mãe, que era meio parente do seu pai, fazia anos que ela havia falecido, mas, antes, cometeu uma grande traição: havia aliciado uma das filhas d D Ana para um homem de idade, caso de polícia, por ser a menina de menor(caso de pedofilia,um crime .
 Foi aí que a D Aurora perguntou de sopetão a sua mãe:

___E ai a senhora a pedoou, dessa traição?

__Como não iria perdoar miha filha? Foi mais o que Jesus pediu!
__Onde a senhora pensa que ela está agora?

Nisso, ouve-se um barulho vindo da sala, de coisa despencando, quebrando, horrível.
As duas sairam correndo para ver o acontecido... Incrédulas, espantadas:

__Meu Deus mãe!!!! O quadro, como isso foi acontecer?????

A sua mãe só balançava a cabeça negativamente.

O Quadro havia dispencado, rolado, atravessou o corredor, a porta do banheiro estava aberta , ele caído ao lado da privada, todo destorcido,a moldura  quebrada em quatro partes...
Ficou o mistério sem resposta. Como  um quadro retangular iria rolar, caiu com prego firme, sem haver nehuma corrente de ar, já que a casa estava toda fechada, e atravessar o corredor de uns dois metros?       Fica a pergunta no ar...

.   Autora: Dora Duarte.



Quando for o Amanhã...Ano de 2061



                                                                                   Imagens emprestadas do google

 O Cotidiano de uma família; Duas mães, dois filhos.

Toda nação, os humanos são identificados  por uma letra e números, os nomes desapareceram

F-2222251 mami 1ª: ─Filha hoje é domingo , o nosso passeio vai ser ao Museu do meio ambiente! 
 F-2222252: filha 8 anos de idade
─ Ibis ufa! Ah ta, então posso usar 500ml de água para o meu banho?

   F-2222251─Por que? Acabou os cleans lenços banhos que eu comprei o mês passado?
─Não, mas enjoei do lenço, deixa pelo menos hoje sentir a água no meu corpo, os banhos á vapor nos banheiros públicos comerciais, estão caros e este mês não comprei cartão eletrônico para isto, nem programei meu jatskat para ir à outra rua.
─Ok  pode, mas tome cuidado, use somente um invólucro preto, cuidado não confunda com o invólucro azul, é a água  de beber e o estoque está no fim e as filas pra compra estão grandes, precisa agendar o nosso dia pra comprar.

─Mami2 ª, o que vamos levar paro o lanche?
─Ainda tem cápsulas de frutas, vitaminas, cereais e invólucro de sucos.
─F-2222253, acorde, vamos ao museu!(menino 12 anos)
─Ah não estou muito afim,  vão vocês três, tenho que armazenar no Tec os meus projetos de engenharia mecânicas de nº 499  feito em casa. Leve o meu cão robô, daí ele registra tudo e me traz as imagens do Museu. Para que eu possa vê-lo.

F2222254  mami2ª─: Já estão prontas? Já programei o jetcar para sair em 300 segundos!
Não esqueçam das máscaras de oxigênio...
 Saíram as três já que F-2222253 não quis ir junto.

No Museu...
    Mami 1ª ─Veja filha, o povo não usava máscara, era oxigênio natural!
─O que é aquilo jorrando, água?
─Sim, imitando uma cascata, na verdade havia na natureza!
─Que aconteceu, secou?
─Sim, Havia árvores em volta, o desmatamento prejudicou, morreram as cachoeiras, secaram os rios, hoje só existe água subterrânea, armazenada e controlada 24 horas por dia para não roubarem
 Enquanto isso num viveiro...
F22222524  mami 2ª _ Olha venham vocês duas, aquelas aves coloridas, são  araras!
   F2222252─ Sãos de verdade, ou emplumadas?Olhaaaaaaaaaa, aqueles miudinhos de   penas são o quê?
Mami1ª─ São lindos passarinhos filha!
─ Mami 1ª Olha naquela vitrine, cães de verdade!


As três deslumbradas com tantas coisas! O Museu lotado  de famílias numeradas nas roupas ,com máscaras de oxigênio no rosto, parecem monstros. Todos admirados com tanta beleza. A cada stand, a cada canto uma surpresa, todos encantados com as maravilhas antigas que já não existiam mais na vida das pessoas; Viram flores, nuvens brancas e céu azul artificial, folhas, secas, troncos de árvores, mini árvores verdinhas. Pratos culinários, bebidas, frutas, verduras, guloseimas, sobremesas de resinas como se fosse de verdade.

 Robôcão registrou tudo.

 Final do passeio..
.
Mami 1ª  ─Próximo passeio vamos ao museu de vestuários?

Todas três responderam:

──VAMOSSSSSSSSS!

 Dora Duarte




Copyright © 2011 CONTA CONTOS ENCANTADOS.
Template customizado por Meri Pellens. Tecnologia do Blogger