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domingo, 9 de dezembro de 2012

Conto de Natal


                                                    Um Natal diferente ( Conto de Natal)

                                     A mãe dele ,eu e ele. A última foto , uma semana antes ...

Aconteceu no ano de 1994, jamais imaginaria passar um Natal diferente dos demais.

Por mais que a gente se esforce para ficar indiferente à esta data, é humanamente impossível,  até porque, o comércio, a mídia, as igrejas cristãs estão aí e se encarregam de lembrar.

 

Eu precisava fazer uma cirurgia de hérnia pélvica preste a “estourar”. Desde o mês de outubro estava fazendo uma dieta rigorosa a mando de uma médica endocrinologista. A orientação era  para emagrecer no mínimo 20 quilos em no mínimo 6 meses, ou seja, passaria o Natal no “seco”, não poderia em hipótese alguma sair do regime.

Resolvi  isolar-me  da minha família  e amigos, sabia que o meu filho passaria trabalhando no hotel  naquela noite especial. Como ele morava sozinho, pedi a chave do seu apartamento, era lá que eu passaria aquela noite e a do ano novo. Tudo combinado, sobre o protesto dos mais chegados, querendo saber o porquê.  Mas, “o que os olhos não veem, o coração não sente” , assim não vendo as maravilhas de uma ceia irresistível,caprichada, rica em calorias que a mana Carmem  fazia,não passaria tanta vontade.

                O meu sobrinho e afilhado Carlos Eduardo(Dudu), foi logo dizendo, querendo ser solidário:

Eu vou passar o Natal com a senhora e pronto!        

 Não, eu vou passar sozinha , tudo o que vou comer é diet, você vai é passar fome! Contestei.

Ele respondeu-me:

  Ah tia, eu não vou passar fome, deixa eu ir. Insistindo, disse-lhe “definitivamente não Dudu!”

Isso acontecera no começo do mês , jamais imaginaria que faltavam poucos dias para  ele partir para sempre, que seria um dos natais mais triste da minha vida.

 

Numa semana antes do Natal do ano de 94, exatamente no dia 16 de dezembro,sem adeus,sem despedidas ele se foi para Deus. O desespero,a dor,  as lágrimas tomaram conta de mim, até a ponto de sentir remorso de ter o proibido de ficar comigo , além do mais pelo sofrimento da mãe, ela foi ficar com a outra irmã, eu fiquei sozinha naquela casa enorme, sentia muito forte a presença dele, parece que ouvia ele brincar de se esconder e surgia detrás da porta ou cortina e pregava-me um susto “tchã, tchã!!!”

Aquela sensação era muito forte da presença dele...

Chegou o dia de comemorar o nascimento de Jesus Cristo. Apática, muito abalada, fui até as minhas irmãs para desejar, o que meu Deus! Nem conseguia dizer a palavra “Feliz Natal” , apenas abracei-as em silêncio, De lá eu  fui para o meu “esconderijo” no apartamento do meu filho.

Preparei a minha ceia, tudo muito simples: peito de frango assado, salada mista temperada com iogurte, arroz e guaraná diet, a sobremesa, gelatina. Enquanto preparava, escutava queimas de fogos de artifício como cenário nas janelas do apto de número 111, do Ed Gramado.

Liguei a TV para fazer barulho, pois até a minha respiração forte estava fazendo mal, vez em quando, um soluço de dor e  a cada instante, lágrimas escorriam no meu rosto, a lembrança e a saudade eram muito fortes. Jantei, parecia que a comida fazia bolo na minha boca...

De repente senti um frio inesperado, a respiração ofegante, senti a presença viva dele, sorrindo e brincando, como se quisesse me confortar com aquele sorriso. Lembrei -me das últimas palavras dele insistindo em jantar comigo. Não tive medo, apenas falei sozinha.

Perdoe-me, jante comigo meu querido! Feliz Natal! Senti uma leveza no meu coração e um conforto na alma.

 

                               Dora Duarte

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Mundo Veloz



                                                               imagens emprestadas do google
                                                 
                                                                  Mundo Veloz

 

Três irmãos, um mais velho, um jovem e o caçula.  Numa certa ocasião os dois mais novos decidiram  brincar de agilizar o tempo.

São  inseparáveis, porém o mais velho , muito sensato, não era  de mudança, até reprendia os outros  dois para fazer tudo com cautela, porém esses não davam atenção,  eram ousados tudo criavam em seguida desmanchavam tudo, literalmente brincavam um com o outro de mudança, quem conseguia ser mais esperto. Eles inventaram uma máquina de deixar doido o tempo, causar impacto nas pessoas  do planeta.

Os seus inventos eram lançados, em seguida modificado, O caçula dos três era superdotado  de inteligência  artificial, o seu  cérebro era cem por cento tecnologia. Fizeram uma aposta,  Qual deles conseguiria atrair mais pessoas  e virar o jogo em menos tempo.

A máquina deles funcionava a todo vapor: As décadas passavam como anos, os anos passavam como dias, os dias como  horas  e as horas nem se fala, criavam asas e tudo era transformado. Os dois riam com esta brincadeira, era a ERA da tecnologia. Um dia se desentenderam e resolveram cada um usar a sua criatividade: O mais velho inventou uma máquina com uma linha imaginária que ligava o mundo de ponta a ponta, também um modo muito rápido de correspondência à distância, sem papel, sem envelope tornando obsoleta a caixa de correios.

            Os outros, vendo esta invenção aproveitaram e fizeram  mais. Cada um construiu um Império com redes, salas imagináveis,Onde pessoas se debruçavam nas janelas, piscavam, sorriam choravam, falavam ,engordavam, porque em altas horas, a fome os atacava, ali mesmo comiam e bebiam, namoravam-se, amavam-se, ouviam-se músicas etc. Uma infinidade de funções. Enfim formando um monte de “zumbis noturno” E eles riam demasiadamente e deslumbrados com o tal evento.

Porém teriam que ir adiante, desta vez,  O do meio  inventou o “Guth” um  programa bem doido, onde belas mensagens emocionantes, brilhantes, alertas... Nenhum ser humano esquecia  as datas festivas, porque ele lembrava . Jogos e brincadeiras ocupavam o tempo dos desocupados> Foi uma legião de criaturas febris  a seguir, até viciar, a ponto de inventar um verbo” Gurthiar”.’ Vamos gurthiar, estou gurthiando” com amigos.

 

Finalmente, o caçula, criou o “Placevook” . "Roubou" a galera em peso do irmão do meio. Foi uma migração em massa. O irmão hoje  estar agonizando, às moscas tomaram conta de sua invenção. O mais velho? Está quietinho no seu canto, só acompanha a evolução dos seus irmãos malucos, nada pode fazer de interessante.

 Os três irmãos chama-se:  Passado  cujo apelido é “Ontem ”,  o jovem chama-se” Presente”, cujo apelido é “Agora” E o caçula , o “Futuro” , cujo apelido é o “Amanhã”.
                                                    Dora Duarte

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Lenda das Pedras de Itaguaçu


 
 
A LENDA DAS PEDRAS DE ITAGUAÇÚ

       Uma homenagem aos nossos colonizadores açorianos que chegaram na Ilha de Santa Catarina, trazendo nas suas bagagens os seus conhecimentos recheados de crenças, contos e lendas. Publicado no Site Recanto das Letras/16/05/2009/T1597111).

A muitos anos atrás, de madrugada, numa sexta-feira de lua cheia, lá na beira da praia do Itaguaçú, na época um grande gramado em Coqueiros – Florianópolis, Santa Catarina, um bando de bruxas muito malinas, que tinham o costume de roubar canoas de pescadores para fazer os seus passeios bruxólicos noturnos, resolveu dar uma festa, convidando todos os elementares das matas e dos mares. Eram Boitatás, Mula-Sem-Cabeça, Curupira, Lobisomens..., sem a companhia do capeta. Além de cheirar a enxofre, o tinhoso bonitão era descarado e dissimulado, do tipo que só fala aquilo que você deseja ouvir e ver.
Naquela noite, podiam-se ouvir as frenéticas gargalhadas das bruxas, de longe, muito longe, que eram de arrepiar os cabelos e tremer todos os ossos dos seres feitos de argila humana.
O capeta, desconfiado, resolveu fazer a ronda. Deu uma volta pela redondeza para ver como as coisas estavam. Acontece que a sua bruxa preferida: uma benzedeira de zipra, zipela e zipelão, espinhela caída, carne quebrada, nervo torto e mal olhado, também saiu naquela noite para ver se o tinhoso andava por perto. Pois bem sabia ela, que se ele soubesse da tal festa, colocaria tudo a perder.
O malvado só comparecia nas festas para abusar das bruxas. Elas já não agüentavam mais as suas sacanagens, pois ele só participava das festas para dar tapas, beliscões e mordidas nas bundas das bruxas. Isso, quando o tinhoso não ficava cutucando cada uma delas com o seu enorme rabo. Envolvidas nas urgias do capeta, as bruxas acordavam no dia seguinte com o corpo todo doido e marcas por todos os lados.
Acontece que ao aproximar-se do ambiente festivo, o capeta pôde sentir o cheiro das bruxas e ouvir de longe as suas frenéticas gargalhadas. Ao ver que fora traído pelo bando de bruxas por ele tão cobiçadas, o tinhoso enfurecido, ajeitou os chifres embaixo do chapéu e o rabo sob sua vestimenta, cobrindo-se com um manto preto e esfarrapado. Assim, ele ficou ali de espreita, no meio de um pé de manguezal para dar o grande bote.
Camuflado, o capeta foi chegando de mansinho e adentrou na grande festa, disfarçado de mendigo. Nesse momento o descarado pediu às bruxas, com voz roca e suplicante: “Me dê um pedaço de pão e um copo de água, por favor. Estou morto de fome e cede.” Ao verem aquele homem todo esfarrapado e com cheiro de bode, pedindo pão e água, as bruxas caíram na gargalhada, agindo com zombaria: “ Sai daqui coisa feia, mistura de cruz credo com aquilo. Seu horroroso, nem o tibinga é tão feio e fedido como tu! Ahahahahahahahaha...”
Assim, todas as bruxas zombaram do infeliz. Mas o capeta continuou no disfarce, insistindo no pedaço de pão e no copo de água. Até que a bruxa mais velha do bando resolveu atender-lhe o pedido, dando-lhe uma migalha de pão oco e seco, e um copo de vinagre.
Mas no momento em que ele mordeu o pão e bebeu o vinagre, ficou enfurecido..., perdeu um dente e cuspiu fogo na direção das bruxas e de todos os elementares.
Nesse momento o mar, por sua vez, ficou revolto e o vento sul apagou as luzes das velas e das lamparinas que clareavam aquela noite escura. Foi quando as mãos, os braços e as pernas das bruxas começaram a encolher..., com as suas orelhas e nariz desaparecendo.
Por sua vez, as ondas do mar inundaram campo verde, arrastando todos os seres elementares mar adentro, fincando-os um por um no lodo salgado, onde todos os seus convidados ali ficaram.
E lá fora, na beira da praia o capeta exclamou aos berros e de bom tom: “Não quiseram me convidar para a festa, é? Nem quiseram me servir, nem me respeitar. Suas ingratas, que no lugar de água me deram vinagre e em vez de pão me deram um torrão; são só fofocas, maldades e traição. Desta vez terão seu troco. De agora em diante em forma de pedras viverão. E este campo transformo em mar, onde fincadas para sempre vocês possam ficar! Assim pediram, assim será! Ahahahahahahah...”
Nessa noite, na beira da praia do Itaguaçu, o capeta sumiu. E as bruxas lá estão com todos os seus convidados transformados nas misteriosas pedras encantadas. Umas grandes e outras pequenas; de todos os tamanhos e formas.
Se Você duvidar, é só passar por lá. Lá na beira da praia do Itaguaçú, no Continente da Ilha da Magia, antiga Nossa Senhora do Desterro de Santa Catarina de Alexandria. Só assim você poderá ver essas pedras nas suas formas elementares, tais quais como o capeta as deixou.
Este conto entrou por esta porta e saiu por aquela... Quem gostou conte a alguém, quem não gostou que feche a janela.

 

 Autora Claudete Terezinha  da Mata(adaptação do conto de Flanklin Cascaes)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A eleitora Assídua


Cidona era uma negrona de meia idade, morava num sítio próximo ao da minha mana Salete, que tinha uma vendinha na beira da estrada, onde comercializava de quase tudo, principalmente uma “pinguinha” muito devorada pelos  trabalhadores, roceiros e mateiros da região.Mas, só essa gente? Não! A mulherada de lá também é chegada, andam quilômetros por causa de umas doses da “branquinha”.

Cidona  morava há 3 quilômetros dali, e 18 de estrada(Pedra lisa) até a Br116 que dar acesso a cidadezinha Juquitiba há  6 km de distância a mais, O localidade dos sítios nas margens do rio Juquiazinho pertencem ao município desta cidade.

 Quando era época de eleição ao final da tarde, no Boteco da mana, animado ao som de música sertaneja e forró. O assunto era: quem iria ganhar ou não as eleições?  Cidona com seu marido Linão, atenta a tudo,  tomando a sua pinguinha, tranquilona, sem dar palpite algum, talvez para não ser repreendida pelo marido, apenas sorria , com um sorriso tímido,expondo sua meia dúzia de dentes, naqueles beiços carnudos.

O fato é que antigamente, era fornecido meio de transportes para os eleitores da roça, pela distância do lugar de votação. Estrada ruim, cheia de subidas e descidas. Quando chove, aí é que piora a situação, pedregulhos escorregadios não faltam, carro? Roda no máximo em segunda marcha lenta, durando o percurso até a rodovia, 30 minutos ou mais. A pé, aquela gente leva mais de 3 horas,.Existe uma "pendenga", a estrada de Pedra Lisa, é estadual, a prefeitura não arruma, por outro lado, ela consta como "asfaltada" sem estar desde o governo Maluf de anos atrás. Porém como todo cidadão tem  obrigação e direito  de votar, sobre livre espontânea pressão, lá se vai aquele povo bem de madrugada dar o seu voto, não importando se o candidato é bom ou não, já que só tem acesso aos “santinhos e a fama” de "bom".

Naquele ano não seria diferente ao demais anos de eleição estadual, para governador e deputado. Dois candidatos fortes (Mário Covas e ... De novo Maluf ,( o grande teimoso da história política nacional).

É chegado o domingo dia de votação, Cidona levantou cedinho ainda nem tinha clareado o dia, mais seu marido Linão, tomou rumo à Juquitiba para cumprir seu dever cívico. Na volta, passaram direto do seu rancho e foi prosear e tomar a famosa branquinha. O marido voltou em seguida, a mulher ficou. Papo vai, papo vem, a Salete interroga a Cidona:

─ E aí Cidona, escolheu bem, votou em quem para governador?

─ Ah Salete, votei nos dois, fiquei com dó, eles são tão bonzinhos!

─Mas Cidona, então você vai a pé 24 quilômetros  para anular seu voto?
─ E é?! Eu não sabia!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

SOU PATRIOTA SIM COM MUITO ORGULHO!


 

Rendo a minha homenagem a nossa pátria amada, já esquecida dos seus símbolos.

 O brasileiro na sua maioria, é patriota só quando é ano de copa. Enfeita a casa de bandeirola e destaca a nossa bandeira lá em cima do seu apto, barraco, casa, mansão...

 Veste-se de  verde amarelo, canta o hino nacional, enche o peito de orgulho,  faz –se churrasco, estoura pipocas, mas no dia da independência, nenhum sinal de patriotismo, exceto alguns desfiles militar, alguns que vão assistir e só.

 

Não entendo, o porquê para imitar moda, tradições americanas, europea:  tipo halloween e outra coisas mais, porém imitar o patriotismo, ninguém imita.

Tive o privilégio de passa um dia 4 de julho dia da independência dos USA, e vi o qua to é lindo, as casas enfeitadas, as ruas, comércios, shoppings...Comemora-se lá, com se fosse no Brasil o último dia do ano(reveilon) com queimas de fogos de artifícios de vários pontos.

Vou deixar  bem claro aqui: não confundir patriotismo, com política e nem muito menos partidos políticos e sim um dever civil, o amor à Pátria, o verde amarelo está na alma, no coração e porque não no nosso cotidiano , ser lembrado pelo menos um dia no ano. Os brasileiros lá fora, comemoram.

...E para lembrar  um do mais lindo hino do mundo, o hino da independência do Brasil.

HINO DA INDEPENDÊNCIA
-----------
Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

__________________

Glossário:

- Brava: valente
- Servil: relativo a servo, subserviente
- Grilhões: corrente de metal
- Perfídia: deslealdade, traição
- Astuto: habilidoso para fazer o mal
- Ardil: artimanha, estratégia
- Ímpias: cruéis
- Falanges: tropa, legião
- Hostil: inimigo
- Garbo: elegância, porte
- Varonil: viril, esforçado

 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Rancho Assombrado



O RANCHO MAL ASSOMBRADO





Dois compadres caipiras, vinham vindos da roça com enxadas nas costas, de onde foram cuidar da plantação. De repente, de tardezinha pela estrada, o tempo vira e as nuvens escurecem prometendo uma tempestade medonha. Logo começa a relampejar, a trovejar e os primeiros pingos de chuva caem.



Um deles era muito medroso, o outro mais corajoso. O medroso atraca nas calças do outro, mais precisamente na cintura, e fala covardemente, se tremendo todo quase borrando as calças:



─ Cumpadre, estou morrendo de medo desta tempestade, e se cai um raio, o que será de nós!?



O caipira corajoso, responde otimista:



─ Ô cumpadre, não se aperreie que vamos achar um lugar pra gente se amparar da chuva!



Olhando nervoso, bem nos olhos do compadre, o caipira medroso arregalou os olhos e perguntou assustado:



─ Mais cumpadre, onde?



─ Olha lá aquele rancho, tá vendo compadre, vamos nos abrigar lá!?



Tremendo que nem vara de cipó verde, o caipira medroso falou mais assustado ainda:



─ Mas compadre, ouvi dizer que esse lugar é mal assombrado!



─ Que nada, isso não existe! É tudo fruto da imaginação do povo.



E lá se foram os dois.. .O compadre corajoso, arrastando o compadre medroso que de vez em quando recuava. Mas o medo era tanto, que o medroso não largava o corajoso, já encharcado de água da chuva.



Ao chegarem ao rancho, numa tremenda escuridão, mal dava para enxergar direito, a não ser quando o céu relampejava, clareando tudo pela fresta das telhas quebradas. O vento forte que batia na janela e na porta, parecia que ia arrancá-las do lugar. Dentro do rancho, os dois caipiras foram para a cozinha, o lugar mais seco e sem goteiras.



O compadre caipira medroso, tremendo mais que vara verde, não se sabe se era de frio, ou se era de medo, resmungando temeroso, falou:



─ Tô com medo cumpadre, desse escuro medonho!



─ Se acarma home, que vô ajuntar uns graveto pra fazê uma fogueira pra esquentar nóis dois. Tenho fósfo e vô acendê o fogo. Disse o corajoso, juntando os gravetos.



A caixa de fósforos, com os últimos três palitos, estava tão molhada que foi preciso aquecer palito por palito, como também o lado da caixa onde se risca os palitos. Foi assim, que o primeiro depois de muito ser esfregado, foi riscado e falhou. Então foi a vez dos segundo e do terceiro.



─ Ai cumpadre! E se os outro também faiá?



─ Carma cumpadre, carma!



Para o desespero do caipira medroso, o segundo palito, também falhou. Finalmente, veio o terceiro palito, quando os dois compadres prenderam a respiração e começaram a esfregar, a esfregar, até ele ficar aquecido.



- Riscou, riscou!!! Acendeu!!! Gritaram os dois, se benzeram aliviados. O corajoso acendeu os gravetos que foi logo pegando fogo, e suas chamas aumentando. Mas quando de repente, em volta da fogueira, os dois caipiras começaram a se aquecer, um barulho de porta se abrindo e um ranger de dobradiças enferrujadas, ecoou simultaneamente. Foi então que o compadre medroso atracou-se no compadre corajoso, com os olhos cerrados, falou aos gritos, numa só comoção:



─ Ai, ai, ai meu Deus, acho que é uma alma penada! Ai cumpadre, o que é isso!? O compadre, agoniado, foi falando mais alto ainda:



─Larga de ser medroso, home de Deus! Ô cara cagão, num tá vendo que é só uma forte ventania, que deve ter aberto a porta?



Nisso, ouviu-se umas pisadas bem leves, “aquilo” se aproximando em direção à cozinha, mais precisamente, em direção à fogueira, quando o cumpadre corajoso, que estava de costa, virou-se e exclamou:



─ Ah cumpadre... É só um frango! Tadinho, tá todo molhado querendo se aquecer também na fogueira.



─ Ai, que susto, cumpadre! Ainda bem que é só um frango, né? Falou o medroso aliviado, trazendo o galo para perto do fogo.



Porém, quando os dois começaram a esfregar as mãos nas labaredas da fogueira, mais aliviados... para o espanto dos dois, ouviu-se uma voz bem próxima da fogueira,  tranquilamente:



─ Ufa! Tá tão quentinho aqui!



Nesse momento, os dois caipiras olharam o frango, e de olhos esbugalhados se olharam pálidos que nem vela de defunto.



Uma releitura de Dora Duarte, de um autor desconhecido.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Meu menino quarentão( homenagem)



                         Um dia  quando realizei  o sonho de ser mãe de um menino e fui, ele em meu colo,   o imaginava assim” Será que vou viver o  bastante  para vê-lo com dezoito anos?” Olhava tão pequenino no meu colo...Não que eu não pensasse  na velhice, era medo de  eu ou ele morrer de outros motivos.  Eram  cuidados especiais cheios de afetos, atenções e muito amor. Era o meu bebê que eu vi crescer, chegar época de jardim de infância, pré-escolinha... Acompanhei todos seus passos. Na infância, eduquei, ensinei todos  valores morais E o  menino foi naturalmente crescendo. Depois a etapa de escola fundamental, adolescência vezes  colégio e  meu menino cresceu, fez o tão esperado dezoito anos, ultrapassou, tomou outro rumo de aprendizado.

 Emancipou-se aos dezoito anos, para poder tomar suas próprias decisões  civis, diplomou-se para voar, ganhar asas e decolar nos seus sonhos. Ganhou o mundo. Eu fiquei só, mas ao mesmo tempo perto, o acompanhando  de longe, rezando sempre por ele, o apoiando em tudo, sendo uma mãe muito participativa.

Hoje nesta data seis de agosto de dois mil e doze, onde este menino completa quarenta anos, o  homenageio com imensa alegria e felicidade. Sinceramente nunca havia imaginado ele nesta idade, mas não parece. Não sei se é porque  o filho para mãe é uma eterna criança, ou um eterno jovem, só sei que são as duas coisas pra mim..

 Que Deus o proteja hoje e sempre e lhe der muitos anos de vida.

                            Parabéns meu amado filho ERIC RICARDO CESAR!!!!

domingo, 29 de julho de 2012

Pedro Malazarte


                         Pedro Malazarte evitou que" o mundo desabasse..."








Em certa altura deu-lhe vontade de verter água (fazer xixi). Encostou-se a um grande paredão pertencente a uma bonita casa. E, quando estava no melhor, apareceu o dono da chácara muito zangado  a perguntar-lhe quem lhe tinha dado ordem para fazer aquilo.

Pedro disfarçou e respondeu:

-Ah! Meu senhor, desde manhã que estou aqui encostado, sem comer nem beber só por causa dos outros.

-Por causa dos outros? Então como lá é isso?

-Estou escorando o mundo.

-Você está doido!

-Pois é verdade patrão! Vinha eu caminhando quieto, mas quando cheguei neste lugar, me pareceu a figura de um anjo que veio descendo do céu e que me disse essas palavras:

- Por ordem do senhor Deus o mundo vai acabar à meia noite de hoje.

- Imagine o susto que não levei! Mas o anjo me aquietou:

-Há um remédio para evitar isso: é encontrar alguém que escore este muro, desde este momento.

- Só por isso não seja a dúvida, respondi, vou cortar uma estaca...

- Não, não há tempo. Antes de um minuto o muro deve estar escorado. E me empurrou para aqui onde me acho, sem poder arredar o pé, pois se saio o mundo vem abaixo.

-Deverás!

-Ah! Se o patrão me fizesse o favor de tomar o meu lugar enquanto eu vou ali no mato cortar uma escora, tudo estava arranjado, mesmo porque, se eu ficar por mais tempo, não resistirei e, com a minha morte, o mundo virá abaixo e ninguém escapará.

O homem pensou e resolveu tomar o lugar de Pedro, que prometeu voltar logo com a escora, e até hoje está sendo esperado.




terça-feira, 17 de julho de 2012

Eu nasci assim Gabriela " prosa"

                                                                      imagem emprestada do google

                                  “Eu nasci assim eu cresci assim GABRIEELA...”
                                                              prosa


E por falar em Gabriela e revê-la num novo remake, por sinal muito bem representada na  pele de Juliana Paes, me fez voltar num tempo atrás,ri sozinha, lembrando deste caso que vou narrar agora:

            Joãozinho meu cunhado, casado com a minha mana Lúcia,(hoje já falecido), não era chegado a novelas, mas esta GABRIELA com Sônia Braga na década de 80, ele adorava. Religiosamente não perdia nenhum capítulo. Era apaixonado pelos belíssimos cabelos dela, até porque era fissurado, chegado mesmo em  uns cabelos longos, vivia enchendo o saco para Lúcia não cortar o dela, mas, coitada da minha irmã ,não conseguia deixá-los crescer, eram pouquinhos e crespos.

Evidente que não assistia a novela somente pelos cabelos da Gabriela, era tudo o que envolvia o personagem: sua beleza s cor morena jambo, sua fala sensual, tudo mesmo. Só uma coisa lhe “mordia” o cérebro, um ciúme louco, quando ela beijava e se esfregava no seu Nacib,interpretado por (Armando Bogus), não admitia uma mulher bonita como ela ficar com um homem que ele achava asqueroso e feio. Cá pra nós,em matéria de beleza, o meu cunhado não ficava pra trás. Mas, mesmo assim assistia fielmente todos os dias .

Numa noite em que rolava um capítulo com cenas explícitas, onde os dois personagens apareceram nus no maior rala e rola, o Joãozinho ficou nervoso, ele que tinha o pavio curto, nem era curto, era curtíssimo. Estava ele com o copo de café quente que a esposa acabara de servi-lo, vendo-o àquela cena, irritou-se,não pensou duas vezes: com raiva, atirou o copo de café no televisor.

 E agora seu João?! Exclamou a minha irmã: queimou a TV, quebrou o copo, derramou o café quentinho e fresquinho, um bom tempo sem ver a  novela,bem feito! Prejuízo de pagar o conserto,  demora  em voltar da assistência técnica, ou seja, castigo de uns dias sem ver Gabriela, cravo e canela.



Dora Duarte

terça-feira, 10 de julho de 2012

A SEMENTE


                                

Um belo dia de sol, mas com um vento sul medonho, subi a Rua João Mota Espezim, apressadamente, pois já estava atrasada para um compromisso importante.


                De repente, vi uma coisa estranha, marrom brilhante, rolando sobre o asfalto, carregada pela força do vento. Não queria parar pelo o motivo já citado e por causa da ventania muito forte daquela de arrepiar tudo. Só que a curiosidade falava mais alto. Resolvi correr atrás daquele objeto estranho.


            Depois de uma carreira doida em zig-zag, finalmente alcancei “aquilo”. Era uma semente grande, com cuidado apanhei com as duas mãos, as fechei  e abri em seguida. Foi tamanha a minha surpresa em perceber que ela tremia e tinha os olhinhos que piscavam para mim.


            Comecei  falando , fazendo-lhe dezenas de perguntas como se tivesse a certeza dela me responder e respondia-me sim com os olhos piscando. Daí tive uma ideia e disse à ela:


Para cada pergunta que eu fizer, se for sim, uma piscada, ser for não, duas piscadas. Ela entendeu com uma boa piscada. Assim num diálogo estranho, diferente,  foi uma forma inusitada de comunicação entre a semente e eu. Assim contou-me sua história através das minhas perguntas e as piscadas de olhos:


            “Eu sou uma semente importante, vim carregada elo vento, preciso ser plantada, porque a minha espécie estar em extinção. Cortaram minha mãe,o tronco,meus irmãos,os galhos e minhas irmãs, as sementes ,pegaram para artesanato. Somente eu escapei, mas foi carregada pelo vento “.


            Pediu-me para replantá-la, regá-la, cuidar bem para que ela pudesse sobreviver.


            Foi assim que eu entendi e foi assim que a plantei no jardim do Conselho Comunitário. Imaginei que, ela é uma semente especial, filha da árvore que deu o belíssimo nome da nossa mãe pátria. Acredite se quiser.



                      Dora Duarte

                

quinta-feira, 28 de junho de 2012

São João dormiu( Lenda em versos

 
 
A lenda diz que São João do carneirinho
Quando era pequenininho
No dia que ele nasceu
Tava dormindo enquanto a fogueira acesa
Clareou na redondeza
E um milagre aconteceu
Foi o divino pelas mãos da natureza
Trouxe a grandeza
Missão naquele menino
Queima fogueira que o dia amanheceu
São João Batista nasceu
Pra cumprir o seu destino

Digo que São João dormiu
Por que era pequenino
No seu sono de menino
Assim a lenda surgiu
E a fogueira que se viu
Acesa por Zacarias
Anunciava a Maria
O nascimento do Santo
Tudo que se deu no entanto
Enquanto o santo dormia.
 
Paulo Matricó

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O fantasma da Lagoinha do Leste(causo)


                                                História contada de pescador...

      Sr Manuel Marcelo, era um homem muito forte, desde que seu Zezinho se entendia de gente, sabia que ele já era um homem muito sozinho, isolado e solitário, tinha as rezas dele benzia também. Ele saia lá do Ribeirão e ia pescar sozinho na Lagoinha do Leste. Chegou um dia, lá ele tinha um rancho de palha, ao lado do rancho, uma imensa figueira  com aquele: uns chamavam” Gravataí”, outros bromélia uma orquídea parasita que dar na árvore.

    Então, ele estava pescando na praia,quando pegou o balaiozinho dele, sentiu aquelas mãos batendo em suas costas cheia de areia, daí ele ficou com cabelo em pé, não viu nada, continuou pescando, novamente aquelas mãos cheia de areia, bate em suas costas, daí ele se virou e nada, deixou os anzóis ali e foi para dentro do rancho. Quando ele viu cair  aquela chuva de areia  lá de cima do gravataí na figueira, perguntou:

  Quem está aí?  Ninguém respondeu, a chuva de areia continuou caindo em cima da casa. Como não viu mais nada, tomou seu café e voltou a pescar, lá achou um monte de maçarico em volta  do seu balaio, ele tiravam os maçaricos do balaio   e quanto mais tirava, mais aparecia. Daí ele clamou:

  ─ Meu Deus, meu Pai, se há alguma coisa ruim perto de mim, que se afaste e começou a rezar aquelas rezas dele.Voltou ao rancho como de costume para mais um gole de café, depois tornou a voltar à praia para continuar a pesca, mais outra mão cheia de areia atrás dele e o balaio cheio de maçaricos. Ele não aguentou mais e perguntou: quem está aí, o que queres de mim?

Daí ouviu aquela voz dizer:

─ Aqui sou eu, o Capão, este lugar é aqui meu, eu não quero que ninguém venha pra cá nessas horas!

 Ele era corajoso , mesmo apavorado, respondeu: 

   ─ Olha o que tenho para matar, é o que eu vou comer amanhã, se estais com Deus, deixe que ele te leve para um bom caminho, se não estais, Deus te ampare na luz!

  E o caminho dele passar, era o Costão da Armação, aí ele seguiu tão apavorado, um caminhozinho estreito até o Costão, ele ficou tão desorientado... Daquele momento, ele rezou um Pai Nosso e uma Ave Maria, ele não viu mais nada, sabe que tomou o caminho de volta, já era madrugada,  como num passe da mágica, não lembrou de mais nada, Só quando chegou aqui nesta encruzilhada, é que se lembrou,”Meus Deus estou na encruzilhada do Ribeirão, perto do riozinho vermelho!”, Ele contou esta história para muita gente.
                                                                            Dora Duarte
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