Páginas

Seguidores

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

No ônibus...crônica




No ônibus....
Pensa que andar de transporte urbano, o "busão" o "latão", como aqui é chamado, é fácil?! É fácil sim!
Tem suas vantagens mais do que desvantagens. Eu costumo encarar pelo lado positivo. Mercedes com motorista particular, super consciente e educado. Eu posso conhecer pessoas diferentes, ler, cantarolar baixinho, até mesmo cochilar... Olhar pela janela do ônibus, nem se fala, é um tempo para uma meditação, pensar no que você fez de bom ou ruim, invadir sua alma, Ou seja, um passatempo, quando o trânsito não colabora. Evidente que de carro também, mas o foco maior é o caos do trânsito
No ônibus acontece de tudo: a gente escuta piada engraçada, crianças com suas gracinhas, histórias interessantes dos nativos mais antigos da ilha de SC( porque falam alto)... mas, também tem muita gente pessimista, mais do que otimista.
Já imaginou o quanto rende uma má notícia, mais do que uma boa? Vamos comparar um papo bom para um papo desagradável:
" que dia maravilhoso de sol, lindo, não?!" É sim, mas tá quente!" (aqui morre o assunto) "viu as notícias nos jornais sobre a violência?!" (aí rende a viagem inteira)
Prefiro o lado bom e é sobre isto que vou falar agora:
Quando eu ainda entrava pela porta traseira... voltando cansada de um dia cheio de trabalho - na boca da noite - dentro do ônibus super lotado eu fazia questão de vir sentada mesmo que eu tivesse de esperar mais um pouco.
Um belo dia, deixei-me dominar por um cochilo tão bom que nem o "zum zum zum" me incomodava. De repente, acordei com um som de violino tocando músicas clássicas, pensei estar sonhando, mas, não, ouvi os aplausos e assovios dos passageiros lá no fundão. Estava tão cheio o "busão" que eu não conseguia olhar para trás para ver quem era o músico. Descobri que não era brasileiro, por causa do sotaque e dos agradecimentos em espanhol: "-Muchas gracias señores e señoras". Aquilo tudo era inusitado pra mim. Deixei-me embalar por aquelas lindas melodias. Já tinha visto e ouvido de tudo: pedintes trocador de santinhos, vendedor de balas para ajudar ong, mas som de violino, nunca!
Inundada por aquele momento nem me dei conta que já estava chegando ao outro terminal. Acho que o "Hermano" estava mal informado, deixou para pedir colaboração aos usuários justamente quando estava chegando. Ouvi ele dizer "la plata" e aquela gente toda descendo alvoroçada. Lamentei de não ter visto pessoalmente. Sumiu na multidão.


                                                   (Dora Duarte)

terça-feira, 19 de julho de 2016

As duas vizinhas




As duas vizinhas 


Um dos atos mais difíceis e nobres do ser humano é pedir perdão. Qualquer pessoa, seja da religião que for, deve praticar este ato... faz parte da vida espiritual e social de cada um. "Quem não perdoa atrofia a sua capacidade de amar" (Pe PR). Para conviver bem, é preciso esvaziar-se da mágoa pois ela é um veneno que em doses diárias pinga dentro do íntimo envenenando a alma causando amargas consequências. Complica mais ainda quando um trabalha dentro de si o ressentimento, a raiva, num processo demorado de compreensão, querendo viver em paz com quem provocou a discórdia! Vai, perdoa a quem lhe ofendeu e o outro numa atitude arrogante, desdenha o seu perdão. E é sobre este assunto que conto um "causo" para reflexão de um autor desconhecido. Duas vizinhas viviam em pé de guerra. Não podiam se encontrar na rua que era briga na certa. Depois de um tempo, dona Maria descobriu o verdadeiro valor da amizade e resolveu que iria fazer as pazes com dona Clotilde. Ao se encontrarem na rua, muito humildemente disse dona Maria: “-Minha querida Clotilde, já estamos nessa desavença há anos e nem me lembro mais o motivo inicial de nossas brigas. Estou propondo a você que façamos as pazes e vivamos como duas boas velhas amigas.”
Dona Clotilde na hora estranhou a atitude da velha rival, e disse que iria pensar no caso. Pelo caminho foi matutando: “-Essa dona Maria não me engana, está querendo me aprontar alguma coisa e eu não vou deixar barato. Vou mandar-lhes um presente para ver sua reação.” Chegando em casa, preparou uma bela cesta de presentes, cobrindo-a com um lindo papel, mas encheu com esterco de vaca. “-Eu adoraria ver a cara da dona Maria ao receber esse maravilhoso presente. Vamos ver se ela vai gostar dessa.” Mandou então a empregada levar o presente à casa da rival, e junto, um bilhete que dizia: "-Aceito sua proposta de paz e para selarmos nosso compromisso, envio-lhe este lindo presente". Dona Maria, estranhou o presente e pensou... “-Que será que ela está propondo com isto? Não fazermos as pazes?... Bom, deixa pra lá.”
Algum tempo depois, dona Clotilde atende a porta e recebe uma linda cesta de presentes coberta cum um belo papel. “-Haaaaa... sabia... é a vingança daquela asquerosa da Maria. Que será que ela me aprontou?”
Qual não foi a surpresa ao abrir a cesta e ver um lindo arranjo das mais belas flores que podiam existir num jardim e um cartão com a seguinte mensagem: "-Estas flores é o que lhe ofereço em prova da minha amizade. Foram cultivadas com o esterco que você me enviou e que proporcionou excelente adubo para meu jardim. Muito obrigada".
Cada um dá o que tem em abundância em sua vida". E VOCÊ AÍ, O QUE ESTÁ OFERECENDO? 



                                                                                                           Desconheço o autor

quarta-feira, 16 de março de 2016

O AMOR E A LOUCURA(LENDA)










Conta-se que certa vez, em um lugar muito distante, estavam reunidos todos os sentimentos. Então a loucura propôs que todos brincassem de pique esconde e todos concordaram, menos o medo, que tinha medo de se esconder.
A brincadeira começou, e a loucura começou a contar de zero a 100. Todos foram procurar um bom lugar para se esconder. A pressa saiu correndo e se escondeu atrás da primeira pedra que encontrou, a beleza se escondeu em um lago cristalino; o orgulho foi se esconder no meio das nuvens, pois era muito orgulhoso e queria sempre conseguir mais que os outros. A preguiça com muita calma encontrou esconderijo debaixo de uma árvore, pois ali poderia descansar. Assim todos os sentimentos foram encontrando esconderijo, a inveja, a raiva, a tristeza e todos os outros. Mas o amor ainda não havia encontrado um lugar pois todos estavam ocupados, até que viu um enorme jardim de rosas, e ali se escondeu...
Noventa e nove cem! A loucura começou a procurar, e em primeiro lugar encontrou a preguiça dormindo muito tranquila, encontrou a inveja junto com a tristeza, pois queria fazer tudo o que os outros fazem. A loucura ficou cansada e foi beber água e encontrou a beleza. E assim foi encontrando todos os sentimentos, o orgulho lá no alto entre as nuvens, o egoísmo, a raiva...
E todos os sentimentos já haviam sido encontrados, só faltava o amor! Então a loucura ficou no meio do jardim de rosas, procurou, procurou, e acabou ferindo os olhos do amor com os espinhos. A loucura pediu perdão e implorou para que o amor permitisse que ela o guiasse pelo resto da vida, e o amor aceitou. E a história nos conta que a partir desse dia o amor é cego e é guiado pela loucura... 



    (desconheço o autor )





quinta-feira, 10 de março de 2016

O Vale do Silêncio(prosa)




   













               
           No interior é assim, tudo  muito simples, sem o conforto da cidade grande, nem todos lugares chegam a  luz elétrica, em compensação, têm outros tipos de claridades: a noite quando não chove, têm as estrelas do céu tão brilhantes, chuva de meteoros, luar nas fases da lua crescente  e cheia  e mais os vaga-lumes para iluminar o céu e a terra.
           Não foi num dia assim de claridade que cheguei lá ,quando fui de férias com o meu filho de seis anos, pelo o contrário, tinha chovido muito um dia antes. Foi na boca da noite numa escuridão que chegamos de ônibus precário,o meu sogro foi nos esperar no leito da estrada com uma besta para carregar a bagagem, cheguei  até a montar nela, mas o corpo reclamava, preferi  ir mesmo à pé .atravessamos  por dentro do ribeirão rumo a um lugarzinho no meio do nada, nem nome não tinha, era chamado de “Roça”e nada mais,pertencia a cidade de D. Joaquim, Oeste de Minas Gerais, lá onde o vento fazia a curva e o ”’danado perdeu as botas, o cachimbo e as capa,( eu acho )
         Antes de atravessar a porteira do sítio, de cara escorreguei e caí numa poça de lama, para quem ia visitar o sogro e a sogra  chegar enlameada para dar um abraço, era vexame, mas, tudo bem, o meu filho levou a melhor, no cangote do avó,  vamos lá.
Foi  uma festança, uma bela recepção , até os parentes da família que moravam em volta, vieram ,um povo simples e acolhedor.A água quentinha no fogão de lenha já me esperava, depois de um banho quente, jantamos,  aquela janta deliciosa , era galinha caipira com polenta e taioba refogada, acompanhada com vinho feito de jabuticaba.
       Dormi cedo para matar o cansaço da viagem, afinal foram sete horas de estrada de chão em montanhas altas, mesmo que não fosse, a gente do interior, dormem cedo, um pouco depois das galinhas. Choveu a noite inteira, serviu para me fazer adormecer mais rápido.
Acordei com o mugido das vacas e bezerros na hora de tirar o leite, e os cocoricó dos galos e galinhas. Pulei da cama, já com o cheiro  aromático do café pronto, quitutes : pão de queijo, biscoitos de polvilho, bolachas de nata, broa de milho,preparados pela tia, irmã da minha sogra, queijo e leite fresco, requeijão feito na hora pela sogrinha , até esfumaçava de quentinho.
          Sai no alpendre da casa espichei-me e dei de cara com aquele cenário de pura beleza, fiquei  encantada com tudo, nunca na minha vida estive num lugar assim...Era  um vale Meu Deus! Tudo em volta era lindo,a natureza caprichou, muito verde cercado de palmeiras, pomar de laranja, bananeira, cana de açúcar Lá na estrada por onde havia passado à noite avistei a única escola daquele vale, foi ali que todos os  que nasceram e cresceram, estudaram, aprenderam o básico., um pequeno engenho para moer cana e fazer cachaça  melado, rapadura, Aos meus olhos tudo era encantador, é como se fosse um sonho. 
           O meu filho acordou, tomou café, logo fez amizade com um filho de um colono da mesma idade e foram ao ribeirão pescar. Enquanto isso, deliciei-me com aquele banquete do café matutino. Em seguida fui conhecer o vale, quanto mais andava, mais encantada ficava, mesmo ter avistado uma jiboia atravessando a estrada, subindo num barranco, parei e fiquei na minha,(não tenho medo de cobra)  apenas assustei, deixe-a ir tranquilamente seguir seu caminho, .
           O almoço foi uma panelada de carne de porco guisada com feijão tropeiro torresmo e couve refogada, hummmm, depois uma bela soneca na rede, só no sossego.
A noite veio diferente se mostrar como ela é quando a chuva deixa, foi aí que presenciei aquele cenário de luzes, era uma mistura de lua e estrelas , mexeu comigo, foi o que mais me envolveu , tudo ali tinha cheiro de paz, tranquilidade, harmonia,os animais no curral, as galinhas no poleiro das árvores, o gato se esquentando na beira do fogão de lenha, o cachorro dormindo no alpendre , na hora veio  um pensamento, o presépio de Jesus era assim, senti uma paz imensa que tomou conta de mim.
               Proseamos um pouco em volta do quentura do fogão de lenha, era  ali o ponto de encontro todas as noites. O meu filho se recolheu cedo, também ficava o dia inteiro se distraindo com pescaria, atrás dos animais, correndo no vale.. Comparei  aquele cenário com uma pracinha, com bancos em volta, em cima  do fogão um  toco pequeno tirado de um tronco de árvore, que o meu sogro gostava de sentar e acender o seu cigarro de palha, a minha sogra pitando o seu cachimbo e eu a tagarelar, perguntar de tudo, sim tudo eu queria saber.
           Perguntei o porquê daquele lugar tão lindo e maravilhoso não ter um nome decente, o nome roça era a plantação para mim, sugeri um nome, batizar, gostaram  da ideia, prometi no dia seguinte providenciar, perguntei se tinha um pouco de tinta,o meu sogro disse que sim, piche (risos)
 Amanhecera, era dia de domingo de sol, ansiosa estava para pichar a porteira, batizar aquele paraíso terrestre, ganhou um nome 
“Vale do Silêncio”.
 Ô tempo bom aquele , no ano de mil novecentos e bolinha!


                                                 Dora Duarte
Copyright © 2011 CONTA CONTOS ENCANTADOS.
Template customizado por Meri Pellens. Tecnologia do Blogger